Senadores do Rio elaboram plano para a economia da região serrana

Foto: ABR/Valter CampanatoQuando Teresópolis amanheceu, no dia 12, uma quarta-feira, a cidade parecia deserta. Peguei o carro e percorri os poucos quilômetros entre minha residência e o Hospital de Clinicas, para mais um plantão nos quase 12 anos em que trabalho no Centro de Terapia Intensiva. Mas, naquela manhã, alguma coisa estava errada. Árvores pelo caminho, carros do Corpo de Bombeiros de um lado ao outro da cidade, muita lama e lixo pela ruas. Um trajeto que eu levaria no máximo 10 minutos, fiz em quase 40.

Quando finalmente cheguei ao hospital, vi que a cidade não tinha somente lama e arvores caídas, mas muitas vidas ceifadas e muita gente ferida. Não cheguei nem a ir ao CTI.. Já me dirigi rapidamente ao Pronto Socorro, onde dezenas de pacientes vítimas de soterramento trazidos pelo Corpo de Bombeiros, aguardavam para serem atendidas. Um mutirão de médicos e acadêmicos de medicina, técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas, se uniram para poder atender tanta gente grave.

Eram fraturas por todo o corpo, algumas expondo a parte óssea, traumatismos cranianos, feridas abertas e sangrando por todo o corpo. Um casal completamente queimado (queimaduras de 3º grau), atingido por uma explosão de botijão de gás, ele que, numa tentativa heróica de salvar a esposa, também se feriu gravemente. Os dois foram internados no CTI mas ficaram algumas horas e logo após transferidos de helicóptero para o Centro de Tratamento de Queimados do hospital do Andaraí, no Rio de Janeiro. Perdemos muitas vidas mas, felizmente salvamos muitas outras.

Todos estão de parabéns. A solidariedade humana é uma coisa extraordinária. Alguns buscam forças onde não têm. Muitos perderam tudo, só ficaram com a roupa do corpo, mas estavam ajudando, trazendo um pouco de alento e entregando seu tempo aos feridos e seus familiares..

Que essa tragédia sirva de lição para muitos. Que o ser humano repense e refaça seus conceitos em relação ao respeito à natureza e à ocupação do solo urbano. E para aqueles que sobreviveram, o alento de que Deus esteja em seus corações para recomeçar suas vidas com dignidade e saúde.

(Roberto Daiub é médico-chefe do Centro de Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas de Teresópolis - Unifeso)

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