O crack mata e obriga a matar

Números assustadores divulgados pela imprensa na semana passada e que precisam ser analisados por todos os brasileiros: só este ano, a Polícia Federal e as polícias Civil e Militar de Pernambuco apreenderam droga suficiente para produzir mais de 6,810 milhões de pedras de crack. A droga já chegou a todos os municípios e 80% dos homicídios no estado estão ligados ao tráfico de drogas. Em 2006, a relação já era de 33%. Nessas  estatísticas, o crack tem lugar de destaque. 

Não faz muito que essa droga começou a se espalhar pelo Brasil. Mas já apresenta sinais de quase epidemia. Todos os dias, os jornais noticiam mortes de usuários de crack e homicídios cometidos por eles. Feita com sobras do refino de cocaína, bicarbonato de sódio e água, a droga ainda é vendida a preços baixos. É disso que se aproveitam, covardemente, os traficantes. Estendem suas redes para a periferia e para o interior. Aliciam pessoas fragilizadas física e psicologicamente, moradores de rua, pedintes, menores.

Pesquisadores e os órgãos de segurança dos estados alertam para a relação entre o aumento no número de homicídios em cidades do interior e a disseminação do uso do crack. Há uma enorme força de trabalho, um grande número de cérebros sendo dizimados no Brasil inteiro. A execução de políticas de estado, que mobilizem o governo e a sociedade civil, pode por um freio nessa epidemia. Os governos municipais, estaduais e federal atuam contra as drogas ampliando e modernizando as redes de atendimento aos dependentes e intensificando o combate ao tráfico com a presença física dos órgãos de segurança nas zonas de tráfico.

O governo federal deverá criar, ainda este ano, uma rede nacional de atendimento aos dependentes de crack e outras drogas. As famílias, as escolas, as empresas também podem se engajar nessa luta. Pais e professores devem alertar os jovens de que a vida não pode ser trocada por apenas 10, 15 minutos de euforia. Assim, com a parceria efetiva do governo com a sociedade obteremos a vitória contra esse flagelo que elimina vidas e sufoca talentos.