Gestão do Inmetro no Rio é alvo de nove inquéritos pelo MPF

Presidente é muito ligado ao prefeito de Caxias Washington Reis

 

Foto: Jornal Capital Caxias_Reprodução Wikipedia

O descalabro na administração do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) parece cada vez maior. Para tentar frear as irregularidades, a procuradora Renata Ribeiro Batista, do Ministério Público Federal (MPF), abriu pelo menos nove processos contra o órgão. Estão no alvo decisões do presidente do Inmetro, Carlos Augusto Azevedo, e do ex-diretor Alexander Assis de Oliveira, exonerado no último dia 4.

São muitas as suspeitas e acusações contra a atual diretoria do Inmetro. Vão de assédio moral a fraudes em contratos com empresas de limpeza e de processamento de dados. Para o MPF, não há surpresa nas irregularidades, uma vez que o presidente do órgão já foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa durante sua passagem pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), como foi veiculado na imprensa.

            - Pelas apurações, há um grave comprometimento da alta administração do Inmetro, que envolve desde uma articulação para atrasar ou impedir a instalação do setor de corregedoria interna, que poderia atuar para evitar outras irregularidades, passando pelo sucateamento do órgão e chegando até fatos bem mais graves, como desvios de recursos públicos federais - afirmou a procuradora da República Renata Ribeiro Batista, da unidade do MPF em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

A procuradora também quer esclarecer irregularidades em contratos com empresas de limpeza e de processamento de dados, além de outras questões no registro e nas anuências de licença de importação e sobre o adiamento da implementação da corregedoria do Inmetro. Também serão apuradas denúncias da condenação, em segunda instância, do presidente do Inmetro, Carlos Augusto Azevedo, por improbidade administrativa no período em que ele estava à frente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec).

A procuradora Renata Ribeiro Batista disse à Agência Brasil que está com dificuldades para obter as informações sobre as ações. “O MPF em São João de Meriti vem enfrentando grande resistência em obter documentos públicos necessários às suas investigações, o que, mais uma vez, tem funcionado como uma tentativa de blindar o órgão das apurações”.

LIGAÇÕES

Segundo funcionários do Inmetro, que está subordinado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), nunca o aparelhamento político em um instituto que sempre teve gestão técnica foi tão grande. O fato mais recente a provocar polêmica foi a nomeação de Robson Alves de Carvalho, o DJ Robson Rabbit, para chefiar a área de compras do Inmetro, como informou o Blog. Mesmo sem experiência, ele está administrando um orçamento milionário.

            O presidente Carlos Augusto Azevedo, segundo noticiou o “Blog do Vicente”, do jornal “Correio Braziliense”, é muito ligado ao prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, do MDB. “A proximidade entre os dois é tão grande, que o Inmetro doou um terreno que tinha na cidade para a prefeitura”, disse Vicente. “Os servidores contam que o ex-presidente do órgão Luís Fernando Panelli César foi secretário de Fazenda e Planejamento do município. Ou seja, não é de hoje que Washington Reis dá as cartas no Inmetro”, acrescentou.

            Há cerca de dois meses, Azevedo surpreendeu os funcionários nomeando para o cargo de chefe da divisão de gestão de aquisições, setor que trata de todas as compras e licitações do Inmetro, Robson Alves de Carvalho. Robson é DJ, função durante a qual atende pelo nome de Dj Robson Rabbit. Os servidores ainda reclamam da doação de um terreno de 778 mil metros quadrados da Associação de Servidores do Inmetro à Prefeitura de Duque de Caxias.

DEMISSÃO

Em novembro do ano passado, o Capital noticiou o pedido de demissão do então Secretário de Fazenda e Planejamento de duque de Caxias, Luis Fernando Panelli Cesar. Segundo informação de bastidores na época, o pedido de demissão teria relações com a prisão de uma pessoa de sua confiança, que atuava no setor de licitações do município.

Ela teria acontecido quando da operação da Polícia Federal sobre o escândalo do desvio de recursos da merenda escolar na Baixada Fluminense, que tinha a empresa Home Bread Alimentos como alvo. A Operação Inópia ocorreu no ultimo dia 6 de novembro e entre os presos estava o dono da Home Bread Alimentos, Antônio Carlos Monteiro. O caso está sob segredo da Justiça.