Traições partidárias, campanhas milionárias e violência eleitoreira

Traição, muito dinheiro e violência explícita. Não se trata de nenhum roteiro ao melhor estilo “O poderoso chefão” e sim dos traços marcantes da campanha eleitoral que estamos vivenciando na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Os últimos dias foram de traições explícitas às alianças firmadas lá no início do pleito. Em Niterói, o candidato do PSD a prefeito, Sergio Zveiter, promoveu carreata com a participação do presidente estadual do PMDB e ex-presidente da Alerj, Picciani. Os peemedebistas estão (na teoria) na coligação do candidato do PT, Rodrigo Neves.

Neves já vinha recebendo a constante visita do Governador Sérgio Cabral (também do PMDB) e os dois assinaram até mesmo um pacto para a futura implantação de uma UPP na cidade, caso Rodrigo seja eleito prefeito. Essa tenha sido talvez a gota d´água para a quebra da política de “neutralidade partidária” pregada por Picciani e Cabral no início das campanhas, já que por lá os três aspirantes são ex-secretários de Estado de Cabral.

Cada um parece defender agora os seus interesses e o “racha” chegou a outros núcleos do governo estadual. Em Duque de Caxias, o também ex-secretário Alexandre Cardoso (PSB) após ser “traído” por parte do PT e ver Sérgio Cabral declarar apoio ao amigo de partido, Washington Reis, vai dar o troco em dose dupla. Vai explorar ao máximo a presença do Senador Lindbergh em sua campanha para calar os dissidentes petistas e dar espaço para aquele que pretender ser a “pedra no sapato” nos planos do governador para eleger seu vice Pezão à sua sucessão.

Pelos lados do PP, o deputado Julio Lopes, outro secretário muito ligado a Cabral veio a Caxias com ás bênçãos do cacique Dornelles para apoiar o atual prefeito Zito. No melhor estilo “tô nem aí”, Zito é o único a não se manter calado em meio ás aparições de Cabral e atacar constantemente a Companhia de Águas do Estado (CEDAE).

Campanhas milionárias e o nascimento de um novo crime organizado

A “traição às alianças” não é o único traço de coincidência entre as campanhas das principais cidades do Estado. O alto gasto financeiro e a violência são outros traços marcantes. No Estado do Rio, as campanhas de cinco cidades estão na lista das 15 mais caras do Brasil: Além da capital, aparecem pela ordem: Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo e Nova Iguaçu.

Vem destas cidades também as denúncias cada dia mais constantes de aplicação da violência para coagir adversários e eleitores. As tradicionais compras de voto através de troca de favores e pequenos valores em dinheiro deu lugar a uma prática de “crime organizado”, orquestrado por milicianos que chegam a cobrar 50 mil reais para permitir que um determinado candidato explore sozinho os espaços de toda uma comunidade para divulgar sua campanha.