Grande Rio: Mestre-sala Luis Felipe, um talentoso vencedor nascido na cidade

Foto: Alberto ElloboA história de Luis Felipe Rosa, de 19 anos, o primeiro mestre-sala da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, é um exemplo de vitória, talento e persistência. Filho caçula de um casal humilde, apesar das dificuldades, acreditou que, através do samba, poderia melhorar a sua vida. E sua trajetória vem confirmando sua fé no futuro. Com apenas 6 anos de idade, ingressou no Projeto de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Mirim da Escola, onde recebeu os primeiros ensinamentos de dança e postura.

 

Pouco tempo depois, em 2004, então com 11 anos,conquistou o prêmio da TV Globo “Pé no Futuro”, juntamente com Jessica Barreto como melhor casal de mestre-sala mirim. Em seguida foi promovido a primeiro mestre-sala da Pimpolhos da Grande Rio. Em 2007, foi convidado para ser o terceiro mestre-sala da Tricolor de Caxias e, em  2010, com méritos passa a defender o pavilhão principal da Grande Rio como primeiro mestre-sala, tendo a honra de bailar com a porta-bandeira Squel.

 

Uma trajetória interessante mas, porém, nem tudo são flores na vida desse talentoso artista. Nascido e criado na comunidade de Vila Operária, em Duque de Caxias, uma comunidade muita sofrida e com fama de violenta a partir de da década de 80, Luis Felipe vive ali, em uma humilde quitinete com seus pais e a única irmã. Sua cama é um sofá na sala, que as vezes tem que dividir durante a noite com a família quando há algo interessante para assistir  no único aparelho de televisão da casa.

Ele viu muitos amigos morrerem por se envolverem com o crime, “pois era o meio mais fácil e rápido de conseguir dinheiro”, observa ele, que sempre recebia convites para ingressar no crime, ou ingerir drogas para fugir dos problemas e, muitas vezes, chegou perto de ir para o outro lado porque em casa passava dificuldades, quando via os amigos em situação mais confortável. Os conselhos e apoio da mãe e o convívio com as pessoas da Grande Rio, porém, falavam mais alto. O envolvimento com os ensaios e a dança o faziam refletir e  lhe davam forças para vencer e melhorar sua vida.

Em conversa com a reportagem do Capital, fez questão de ressaltar que um dos seus maiores incentivadores é o amigo Helinho de Oliveira, presidente da Escola, junto com toda a diretoria. Ele está feliz com o curso superior de educação física que freqüenta na Unigranrio, pago com seu trabalho na Escola. Mais feliz ainda por já ser um ídolo na comunidade, hoje mais tranquila e onde ministra gratuitamente aulas de dança na Associação de Moradores.

Sobre o futuro, está de olho no desfile deste ano na Marquês de Sapucaí, acreditando na sua disciplina e também no  seu talento e da parceira Squel, para trazer a nota máxima e tentar trazer o primeiro título de campeã para a Escola.