Morte de costureira foi acertada por advogados que valia R$ 30 mil

Banco de ImagensManhã de uma sexta-feira, 8 de maio de 2009. A costureira Maria Célia Moreira dos Reis, de 50 anos, é colhida e morta por um ônibus da empresa Santo Antonio, na Rua Paulo Lins, em pleno centro de Duque de Caxias. Segundo a perícia, o veículo trafegava a cerca de 20 km/h, sendo que o local do acidente era uma curva. Segundo ainda o laudo oficial, assinado pelo perito criminal Marcos Teixeira Correa, “por motivos não sabidos”, a vítima “veio a esbarrar na sua lateral, caindo sob o coletivo, sendo colhida por suas rodas traseiras...”.

Março de 2010. A filha da vítima, a estudante de direito Luciana dos Reis de Oliveira se viu “obrigada” a fazer um acordo acertado entre seu advogado e o da empresa, para receber R$ 30 mil e arquivar o caso, cuja ocorrência foi feita pela 59ª DP. “Ele [o meu advogado] conversou com o da empresa, que se encontrava em outra audiência, e trouxe a proposta, recomendando que seria bom eu aceitar esse dinheiro pois o processo não seria favorável a mim”, disse Luciana em entrevista ao Capital semana passada.

Luciana lembrou que quando chegou ao local do acidente, cerca de duas horas depois, foi de imediato abordada por uma pessoa que se apresentou como advogado, com escritório em área nobre de Duque de Caxias, e pediu para que o deixasse cuidar do caso. Bastante desorientada, acreditou que o profissional cuidaria de identificar testemunhas para que pudesse, quando da audiência, contarem o que viram. Porém, isso não aconteceu, segundo soube muito tempo depois, quando já trabalhava em seu escritório, convidada por ele. “Só fui informada por ele que não teria chance alguma de ganhar o processo faltando um dia para a audiência”, lamentou a filha da vítima, acrescentando que o advogado tinha vários processos contra empresas de ônibus e, por isso, ela julgava se tratar de um profissional gabaritado e experiente.

A estudante, que reside no Rio, disse ainda não ter absorvido bem o acidente que levou a vida de sua mãe. Pesando 40 quilos a mais nesses quase dois anos, está resignada pois não sabe de fato o que aconteceu naquele fatídico dia. “Minha mãe era uma pessoa prudente, trabalhava no Rio e se cercava de todos os cuidados quando estava fora de casa”, informou Luciana. “Por isso, não acredito que não havia testemunhas para depor no processo, como disse meu advogado. Muitas pessoas assistiram e quando cheguei, um representante de seu escritório já estava no loal”, completou.

Luciana disse que a entrevista é para servir de alerta para outros casos dessa natureza. Dos R$ 30 mil que recebeu no processo 2009.021.0426738, pagou R$ 9 mil (30 por cento) de honorários, e repassou mais R$ 7 mil a outras pessoas da família, ficando com R$ 14 mil, além dos R$ 14.500 que recebeu do seguro DPVAT. Encerrando a entrevista, Luciana dos Reis pede a quem venha tomar conhecimento da entrevista e tenha testemunhado o acidente, se comunique com a redação do Capital, para que ela possa saber de fato como foi o acidente.

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