ARTIGO: Hospital Adão Pereira Nunes, do céu ao inferno

DinoCapitalSaracuruna Jéssica MussauerBastaram pouco mais de 40 dias, até o momento em que escrevo essas linhas, para que o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, fosse do céu ao inferno. E, coincidência ou não, foi justamente neste período que a unidade de saúde passou para as mãos da Prefeitura de Duque de Caxias.

Para um prefeito que estufa o peito para falar que Caxias tem a melhor saúde do país, é lamentável verificar que o hospital que antes era referência em atendimento médico de algumas especialidades agora ocupa as páginas dos jornais com denúncias e reportagens depreciativas.

Ainda que o Saracuruna não estivesse desempenhando seu papel com excelência nos últimos meses, visto que a crise na Saúde do estado afeta a todos os municípios, é fato que a unidade, sob a gestão estadual, ainda mantinha em seus quadros profissionais de grande capacidade e que exercia a medicina com maestria. Quem não lembra de dezenas de casos emblemáticos de transplantes, de cirurgias complexas e de atendimentos de emergência nos quais o Saracuruna assumiu papel de destaque? Pois parece que todo esse patrimônio está indo pelo ralo.

Envolvida em escândalos, muitos deles protagonizados pela Organização Social Iabas, acusada de integrar uma rede criminosa de corrupção, a Secretaria estadual de Saúde optou por repassar a administração do Hospital de Saracuruna para o município de Caxias. Por trás dessa manobra, de novo, o apetite eleitoral do prefeito Washington Reis (MDB). Sem avaliar com frieza o tamanho do investimento que seria preciso para a manutenção de uma unidade deste porte, o prefeito, cuja rede de saúde mal atendia dignamente nas outras unidades municipais, assumiu o risco. E, pelas notícias, parece que a aposta foi alta demais.

Pouco mais de um mês depois de sair do estado e passar para o município, o Saracuruna agoniza. O quadro clínico foi desmontado, profissionais de referência deixados de lado, pessoal de apoio teve como destino a demissão. Como a prefeitura não preza pela transparência, não se sabe ao certo o número de desligamentos até agora. Fala-se em quase 200 profissionais, a prefeitura não esclarece. O que se sabe, e a população mais pobre em especial, é que o Saracuruna perdeu a sua vocação, consolidada em muitos anos de excelentes serviços prestados. Para a população de Caxias, já tão desassistida, resta rezar para não ficar doente.

Marcelo Dino
Deputado Estadual por Duque de Caxias

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