Brasil tem 20 milhões de mães solteiras

Em pleno segundo domingo de maio, consagrado à comemoração da origem de todas as nossas alegrias, dúvidas e preocupações - o Dia das Mães - uma pesquisa revela que o Brasil, machista por natureza e por covardia do Poder Público, tem nada menos que 20 milhões de mães solteiras. Trocando em miúdos, são 67 milhões de mães, segundo pesquisa do Instituto Data Popular. Dessas, 31% são solteiras e 46% trabalham. Com idade média de 47 anos, 55% das mães pertencem à classe média, 25% à classe alta e 20% são de classe baixa. Pouco mais de um terço dos filhos adultos (36%) ajudam financeiramente as progenitoras.

De acordo com o estudo, as mães do século 21 são menos conservadoras e mais interessadas em tecnologia do que as do século 20. Entre as mães do século passado, 75% acreditavam que uma pessoa só pode ser feliz se constituir família. O percentual de verdade dessa premissa cai para 66% para as mães da nova geração. Para 58% das mães da geração anterior é um dever da mulher cuidar das refeições. Enquanto esse pensamento prevalece em apenas 45% das progenitoras do século 21.

A geração anterior também acha que é principalmente papel do homem trazer dinheiro para dentro de casa (55%) e que as tarefas domésticas são dever da mulher (60%). Entre as mais novas, 43% acreditam no papel do homem provedor e 48% veem a mulher como responsável pelo lar. Em relação a tecnologia, 35% das mães da geração atual disseram que não imaginam a vida sem internet, contra 14% das que experimentaram a maternidade antes dos anos 2000. 63% das mães do século 21 disseram que adoram produtos tecnológicos de última geração. Entre as mais velhas, o percentual é de 38%.

Se recuarmos para o início do Século XX, vereamos que há 100 anos a mulher brasileira era educada para ser apenas uma bem-comportada dona de casa, afeta tão somente à felicidade do marido e cuidar da prole. No pós-guerra, quando o Brasil sediou e perdeu a sua primeira copa do mundo para o Uruguai em pleno Maracanã, a mulher ainda dependia de autorização do marido para trabalhar fora do lar, inclusive se estabelecer como comerciante. Hoje, apesar das mudanças na legislação e nos costumes, a mulher ainda é propriedade do homem, daí o elevado número de homicídios em que a vítima é mulher e que, por um instante, pensou que poderia virar para o seu parceiro e dizer simplesmente: acabou!

Uma das tentativas de mudar esse quadro foi a criação de Delegacias Especiais da Mulher – onde a vítima de abusos e violência seria atendida por uma solícita policial, que, com extrema sensibilidade, ouviria o seu desesperado pedido de socorro e iria, de pronto, determinar o afastamento do lar do companheiro mandão e prepotente! Como de boas intenções o Inferno está cheio, essa solução não reduziu, pelo contrário, exacerbou a violência contra a mulher. E as delegacias recebem diariamente relatos de mulheres impotentes diante da força física do companheiro ou da arma que ele guarda em local secreto, a que ela raramente tem acesso.

No caso das mães solteiras, elas enfrentam um outro tipo de problemas: a falta de maternidades e de centros médicos devidamente aparelhados para desenvolverem os passos iniciais de uma gravidez plenamente assistida, inclusive quando chegar a hora de conhecer o seu filho!

E as chances desse filho conseguir vaga numa creche antes dos 6 anos são destruídas pelos cortes dos orçamentos e desvios dos recursos da Educação e da falta de uma gestão eficiente da coisa pública.